verdade
conversando com minha aquarela,
ela me conta segredos….
o mundo visual de Vera Ferro apresenta uma intensa delicadeza para falar de duras realidades: a morte, a passagem do tempo e a solidão humana ganham diversas metáforas, que se consolidam por recursos plásticos tecnicamente utilizados com maestria, como a construção de uma poética lírica, mas que não perde a contundência de um sempre renovado e coerente olhar plástico sobre o mundo.
daria tudo por um beijo seu
segredo
a idade nos trás a consciência das nossas fragilidades, das falências do corpo, da preciosidade do tempo presente, da beleza da vida e do nosso tempo limitado.
gaveta
Trago restos de antigas histórias.
Registro recortes de vidas.
Indícios, rastros e resquícios.
Trago o que sobrou esquecido nas gavetas,
retendo idéias e sensações misteriosas.
Memórias do passado.
Testemunhas caladas!
Relembranças.
arquivos orfãos
“A imagem no mundo não é apenas mais um fenômeno técnico de reprodutibilidade técnica, mas sim um veículo de guarda de sentidos para a reflexão sobre a memória e a própria história do mundo. A produção artística e suas indagações nos afetam e nos incitam a desenhar outras questões sobre o mundo e outros mundos”
obstáculo
gente como a gente num caminhar incessante pelo mundo em busca de um lugar para viver, fugindo…
assentamento
seus mapas não são geográficos, mas existenciais. é possível perceber o drama dos imigrantes e refugiados pela maneira como eles se vestem e olham. sua jornada é permeada por cercas, muros e grandes, perto das quais crianças e adultos experimentam a mesma percepção de não pertencer a lugar algum.
fuga
...a paisagem ferroviária de Vera Ferro é, digamos, uma paisagem do exagero. há uma dimensão no questionamento da solidão e do abandono em sua obra....Há nas locomotivas o presságio de números e grafias. há um 222, um 246, um 505, uma captação na magia das antigas numerações que representavam vida, fumaça, agitação, movimento, comércio, o que momentaneamente são enigmas....
Carlos Chenier Jornal “A Gazeta” - Vitória, abril de 1988.
deslocamento
me apaixonei pela força absurda do vento. o vento faz a vela cantar, ela se enrola, se debate e ondula.
“O Barco! Meu coração não aguenta Tanta tormenta, alegria Meu coração não contenta…”
impermanência
um “espelho líquido” onde tudo se move
desobediência
meus trabalhos voam pela internet, espalham minhas inquietudes, meus pensamentos e sentimentos pelo mundo afora. a arte é a minha arma, uma forma de artivismo.
Pintora, gravadora, aquarelista, fotógrafa, Vera Ferro participa de exposições individuais, coletivas, salões de arte, onde recebeu vários prêmios. Criou a Galeria de Arte Vera Ferro, onde durante 10 anos divulgou a arte de Campinas e região através de exposições e cursos de arte contemporânea. Vera trabalha e orienta artistas em seu atelier em Campinas. Dirige, entre outros, o projeto "Pintando as Paredes do Mundo", iniciado em 1998, que realiza intervenções artísticas em hospitais, centros médicos, instituições e escolas.
pragas,
terrorismo,
corrupção,
violência,
desonestidade,
intolerância…
fragmento
é no implícito que diversas obras de Vera Ferro atuam,as tragédias que os unem, as diferentes maneiras de lidar em diversos suportes, alerta para a mesma questão: a impermanência.
inquietude
onde,
onde,
onde,
está o ar
dos nossos
pulmões?
plantio
colheita
o que me faz artista
é o amor
que tenho pelo que faço....
alimento
criar.
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. fernando pessoa
créditos
frases da artista
fragmentos de textos de oscar d’ambrosio
fragmento “navegar é preciso”, fernando pessoa
navigare necesse est; vivere non est necesse, pompeu
os argonautas, caetano veloso